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100 anos do misterioso assassinato do jovem do Sobrado Sarraceno da Benfica

Há exatos 100 anos uma morte ganhava notoriedade no Recife: O assassinato do acadêmico do curso de direito, João Novaes.



Naquelas terras que faziam parte do Engenho Madalena, que fora loteado em 1850 para a construção de sítios com grandes sobrados e casarões, construiu-se um palacete em estilo mourisco. Foi edificado por um moçárabe (definição para os cristãos ibéricos que viviam em território muçulmano) inspirado num castelo do Islã.


Com a valorização da área devido ao Rio Capibaribe, a Baronesa alemã Alma Von Landy comprou um prédio para dele fazer um hotel, então surgiu a Pensão Landy. O estabelecimento era procurado por toda uma sorte de artistas em viagem, políticos, empresários e esportistas em tour. Porém servia, também, para um happy hour da sociedade e encontros em horas de almoço.


Em 1920, estava hospedado na pensão um acadêmico da Faculdade de Direito de São Paulo, de nome João Novaes, para intercambiar conhecimentos com o mesmo curso da faculdade local. Jovem alegre e de relacionamento fácil, galgou amizades e, diziam bocas femininas, tinha encanto para as mulheres. Na pensão todos gostavam dele. Proseador e respeitoso, era capaz de tratar e conversar bem com comerciantes da mais alta classe, como passar horas em conversa com os funcionários do estabelecimento, incluindo até o jardineiro, o senhor João Dias Cardoso, o mais próximo.




Durante sua estada, se encantou pela jovem ninfeta Noemi Fonseca com quem começou um relacionamento de namorico as escondidas. Apesar da tentativa de esconder o romance, perdeu o segredo e muitos já sabiam. No dia 31 de Março recebeu dela um bilhete de uma das damas de companhia de Noemi dizendo “João, chega do outro lado da Ponte da Madalena a meia-noite. Quem estará lá é Noemi”. Nas altas fofocas circulantes na pensão, muitos leram o bilhete.



João Novaes, passou pelo porteiro da pensão e seguiu rumo ao encontro. Na calada da noite, na hora marcada, a vizinhança corre assustada para seus alpendres e janelas que davam ao rio. Gritos de socorro e desespero são ouvidos antes do estampido de um tiro. Então um corpo cai na água e começa a debater-se sendo levado pela correnteza. Sem saber quem era, chamaram as autoridades que vasculharam sem sucesso o local. Na tarde do dia seguinte foi encontrado nas proximidades do edifício da Escola de Aprendizes artífices (antigo mercado do Derby, hoje Quartel do Comando da PM), o corpo do sr João Novaes.


Seguindo uma série de depoimentos de testemunhas, o jardineiro informou que o João Novaes o tinha confessado que estava triste e não mais queria viver e, que por isso, talvez o suicídio. O delegado ficou intrigado, pois somente ele havia falado de uma suposta tristeza de João Novaes. Que até então todos o tinham com a mais alta alegria. Também não conferia a possibilidade, pois houveram gritos de socorro e o arrancar de um automóvel logo após os sons de queda n’água. Entrou o jardineiro então na lista de principal suspeito.


Continuando as diligências e fortalecida as suspeitas com o crescimento do nervosismo do jardineiro João Cardoso, atribuiu a esse a execução do crime. O João adoeceu pouco depois e foi levado a um hospital da capital. Em noite anterior que seria interrogado mais uma vez, o hospital foi invadido, um segurança foi morto e o Jardineiro desapareceu. Dando a entender que fora resgatado para a morte, mas pondo sobre ele a artimanha da fuga.


O caso permaneceu parado por quase um ano na tentativa de fazê-lo esquecido. Por fortes pressões da academias de direitos daqui e de São Paulo, o caso foi reaberto.


O jardineiro desapareceu, mas persistiu a ideia do mandante ser das proximidades e ser de posses financeiras, já que tinha um automóvel envolvido. Cai então a boca miúda a informação de que o mando partira do Coronel Antônio Jovino da Fonseca, comerciante e deputado local, que houvera mandado infringir o assassinato por defesa da honra da sua sobrinha, mas já não podia responder pelo crime pois também estava morto.


Logo após a morte do jovem acadêmico João Novaes, seu quarto foi fechado e isolado por muito tempo. Hóspedes afirmavam que nele ouviam barulhos inquietantes. Não deu nem um mês depois o Coronel Antônio Jovino adoeceu misteriosamente. Foi perdendo as forças e caiu de cama. Não mais levantou. Ali foi definhando até que no mesmo ano do assassinato ele faleceu. Então, segundo funcionários da pensão, cessaram as anomalias provenientes do quarto do jovem estudante.


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